terça-feira, 31 de março de 2009

Sabe quando você parece ter à mão algo que quer muito, mas aquilo não parece ser o que você realmente precisa? Sabe quando você está em uma multidão, cruzando rostos e assuntos desconhecidos, e se sente tão só que chega a ser patético? Sabe quando sua carência começa a te fazer magoar outras e outras e outras pessoas... Você começa a usar quem gosta de você para suprir a ausência de um amor que não deu certo?
Você chora de tanto desespero, de algo que partiu para longe de você, algo que nunca vai poder substituir, mudar ou até mesmo ter igual, e inevitável é tentar resgatar um sol que nunca mais vai brilhar do mesmo jeito que brilhou um dia para você.


Sim... É tão duro quando se está tão terrivelmente apaixonado por alguém mas tem que deixar essa pessoa embora, e pensa em todas as palavras nunca ditas, ações e atitudes nunca tomadas, sente aquele remorso e aquela vontade enlouquecedora de voltar no tempo para fazer diferente, e começa a fazer promessas de reparar seus erros naquela tentativa imprudente de querer aprisionar alguém a você que é tão eficaz quanto tentar correr da chuva ao relento para não se molhar...



Teria sido tão bom ter vivido uma vida inteira sem se permitir a sentir as sensações que um amor bem vivido, de corpo, alma e coração pode causar? Essa é a pergunta que eu me faria a 5 segundos da morte... Aliás, me vejo em constante questão... Você se pega tocando músicas, escrevendo letras e poesias para um nada à sua frente, só com a doce imagem de alguém que te toca tanto sem fazer esforço...
Você se lembra do jeito que ela simplesmente para, olhando para o nada, pensando em muitas coisas ao mesmo tempo (ou talvez em nenhuma), pensa naquele terrível silêncio que aparece às vezes, e com o tempo ele passa a não ser mais o vilão que tanto te assombra nos 15 primeiros olhares que você tem com ela... Lembra do olhar caído, da expressão de paz, da pequena risada que ela solta com alguma palhaçada sua e com os minutos que ela começa, sem se dar conta, de te deixar a vontade e fazer com que você seja quem realmente você é, sem mascaras, sem poses... Apenas você, ali.



Se apaixonar por alguém é muito fácil... Fazer este alguém se apaixonar por você é que torna a coisa mais complicada, e mais saborosa também. Mas a arte maior é fazer cada dia um dia melhor do que o anterior... Ganhar não só a admiração espontânea, mas acreditar que ela é possível a cada minuto, se tornar mais e mais sólida, com alguém que um dia se dispõe de coração a se deixar ter algum tipo de sensação por você. Seja ela uma pequena paixão, um desejo carnal ou aquela profunda certeza de que sua alma prosseguirá de forma mais segura com ela ao lado. E isso é algo que você só consegue se permitir se você olhar para dentro de si mesmo e enxergar aquilo que só se consegue ver de perto... Sem medos, sem incertezas. Sem fantasmas nem pressões. Sem confissões, sem segredos. Sem mentiras e sem ilusões. Apenas aquilo que só é possível quando você corre o risco de chegar perto para saber o que realmente está acontecendo por ali.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Quando eu... (Parte 1)

Quando eu olho no espelho...
Sim, quando eu olho no espelho eu me pergunto quem eu realmente sou... Me pergunto se todas as noites até agora foram vividas com tamanha paixão que deveria ter sido... Me pergunto se, mesmo tão perdido como estou, consigo enxergar adiante uma infinidade de possibilidades, que parecem tão nulas, mas que nunca foram tão reais...
Quando eu me olho no espelho, eu me vejo naqueles lugares vazios de pessoas, mas tão cheios de vida nos quais eu sempre amanhecia... Ver que o céu se abre tão lindamente todas as manhãs, mesmo que a amargura tome conta de todos que o contemplam... Mesmo que existam nuvens, mesmo que haja chuva... Atrás de todo aquele brilho cinzento há um céu se abrindo.
Quando olho para o espelho, vejo alguém que procura se achar nos olhos de outra pessoa, e talvez descobrir a verdadeira razão de sua própria existência.
Não tenho exatamente as respostas que eu gostaria, não sei exatamente quando aquele sentimento de correr riscos vai tomar novamente forma no cara que eu vejo diante do espelho... Aliás, eu sou muito mais seguro do que o que eu vejo no espelho... seguro realmente das decisões que eu tomei de ir somente até o ponto em que não há o perigo real da queda... Onde a corda não chega até a superfície do riacho...
Mas quando eu olho no espelho, vejo o carinha que queria estar morrendo de amores por alguma estranha ou não, que queria passar noites de sábado vendo algum filme, ou talvez jantando fora, ou indo a um bom show...
Quando eu olho no espelho, enxergo pouco do que sou, muito do que fui um dia, mas tenho a absoluta incerteza de quem eu serei amanhã, quando encontrar um outro refúgio para palavras que sarem perdidas de minha mente, rumo a algum pedaço de papel que faça algum sentido para mim, mesmo quando não fizer para mais ninguém...